22 de setembro de 2010

Sauudade

Tudo muito lento, muito vago, muito vazio, muito cheio da sua ausência. Companhia chata, essa tal de saudade. Ela gosta de cutucar, mexer, apertar, fazer chorar. E ainda que eu saia correndo, fuja, expulse-a de perto de mim, ela insiste em me fazer companhia, e com o tempo, tornou-se uma companheira inseparável, embora por vezes, indesejável. Eu mesma aqui, choro alegre, choro triste, choro sozinha. Abri a janela e olhei o céu. O infinito fascina, e as estrelas... Ahn, as estrelas... Cada uma brilha na sua intensidade, no seu tempo. Brilha onde está, com o que pode, como pode. As formas de Órion, Escorpião. Não consegui enxergá-las muito bem, a poluição não deixou. Mas já notei essas formas tantas vezes no céu ao seu lado, que meu coração pôde, por mais de um segundo, encher-se de alegria. Eu as vejo aqui onde estou, você as vê daí onde está. Tem algo maior que une o mundo, com toda sua confusão: as lembranças. Por mais doídas e saudosas que elas sejam, as lembranças são capazes de unir dois coraçõe distantes, duas mentes diferentes, dois mundos opostos. Se a gente sente falta, é porque foi e é importante. Se a gente gosta de vida, a gente gosta de sorriso, de sonho, de realização, de felicidade, e até de saudade. E a gente gosta da certeza de que um dia, quando tudo estiver mais organizado, a mesa volta pro chão da sala, e a gente não chora de alegria e tristeza ao mesmo tempo. E toda essa confusão, é de um coração que não desapaixonou-se. E que sente e pressente: nunca deixará de amar aquele que foi-se, e levou seu amor completo e inigualável como companhia.

"A estrela que escolhi não cumpriu com que eu pedi, e hoje não a encontrei. Pois caiu no mar e se apagou, se souber nadar, faça-me um favor? O milagre que esperei nunca me aconteceu, quem sabe só você pra trazer o que já é meu?

Brilha aonde estiver... Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé!"

Não Há de Ser Nada - O Teatro Mágico

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